Por onde andará Alegria?



Lembro que na minha infância, mais ou menos aos 8, 9 anos, uma das leituras indicadas pelo colégio era um livrinho simpático, fininho, da capa vermelha, com um título bem sugestivo: “Onde andará Alegria?”, de Miriam Portela. O livro contava a história de Téo - um homem casado, sem filhos e com óculos de casco de tartaruga - e de Alegria - uma menina de 6 anos e joelhos alaranjados de mercúrio-cromo -, ou mais precisamente sobre a amizade dos dois e como a alegria, homônima à personagem principal pode nascer de forma pura, em meio a desenhos nas nuvens e guloseimas numa tarde calma. Hoje eu me peguei relembrando a história de Alegria e, em meio a alguns devaneios, comecei a me perguntar onde ela se esconde – não a personagem do livro, mas a nossa própria alegria. 
Foto: WEHEARTIT
Me peguei perguntando a mim mesma onde fica a minha alegria: se eu espero encontrar com ela junto com algum objetivo, no fim da estrada, ou se em alguma esquina que por ventura eu acabe dobrando. Me questionei sobre acreditar ou não na existência de uma alegria maior, suprema e final em algum ponto da trajetória e acabei torcendo pela não-existência de tal sensação, porque depois de experimentar da plenitude seria impossível aceitar voltar a normalidade, como se tanta alegria nunca tivesse me invadido. Mas veja bem, não sou uma pessoa triste: sou feita de altos e baixos, de alegrias e tristezas como qualquer humano em pleno domínio das suas faculdades mentais. E como qualquer outra pessoa, vivo em busca de alguma coisa que não sei bem o quê, porque é essa busca que nos move e que nos faz ter vontade de seguir adiante ao invés de deitar numa rede embaixo de um alpendre qualquer e ver a vida passar, sem interferir. Achar um hipotético pote de ouro no fim do arco-íris significaria não ter mais pelo que correr atrás.
Depois dessa conclusão, percebi também que a alegria é relativa: o que pra mim pode ser motivo pra soltar fogos e por o bloco na rua, pode ser quase nada para outras pessoas – e que isso não aumenta ou diminui quem cada um é, dentro das próprias particularidades. Que cada ser humano é o único responsável por tudo àquilo que o causa dor ou traz plenitude e que não cabe a ninguém mais opinar ou decidir por ele o que é melhor pro futuro, pra vida ou para adotar como paradigma de felicidade. Afinal, se cada um de nós é milimetricamente diferente, porque o significado de realização pessoal seria igual? Cada um é dono do próprio destino e, por isso, deve também ser o único a escolher o que faz bem pra si, além de buscar, agarrar a própria alegria com unhas e dentes. A Alegria do livro entrou num avião, correu o mundo todo e nunca mais foi vista. Mas e você, já descobriu onde está a sua Alegria?

Beijinhos,
Carol Meireles

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