Sobre Vivendo do Ócio e o show que eu não fui¹



Em 2008 eu ouvi por aí, não lembro ao certo onde ou como, uma música que me chamou atenção. Era dançante, a letra era engraçada e bem feita e, acima de tudo, era rock nacional atual, bom, de qualidade. E, ah, aquele sotaque não me enganava: eles só podiam ser da minha Bahia. Corri pra internet e descobri que a tal banda havia disponibilizado um EP pra download no myspace. Baixei, ouvi, re-ouvi. Viciei, gamei, virou amor. Me apaixonei perdidamente por aquele som e passei a procurar tudo que existisse ao meu alcanse sobre aqueles meninos que, a partir de então, passaram a povoar minhas tardes, noites e intervalos do colégio. Descobri que eles eram do Centro Histórico de Salvador e tinham acabado de “trocar” de baterista. Até que em um dia aleatório em que o tédio me fez ligar a tv, me deparei com essa mesma banda participando - e vencendo - um reality show musical: o Gás Sound. O prêmio? Um contrato com a Deckdisc. A oportunidade de crescer, ser conhecida, reconhecida pela qualidade. Confesso, entretanto, que fiquei apreensiva… Será que deixando de ser “banda independente” e passando a ser “banda com gravadora”, eles iam continuar sendo os mesmos, com a mesma sonoridade e a mesma essênjcia? Surpresa boa foi aquela que eu senti quando ouvi aquele primeiro disco pra valer. De bônus, quatro músicas inéditas que me pegaram de jeito. E aí, depois disso, foi só crescimento: Bahia de Todos os Rocks, VMB… E eu ali, votanto tando quanto eu podia, divulgando como me era possível. Tinha ciúmes (e até hoje tenho) da “minha banda”, mas sabia que precisava deixar isso de lado: ver “meus meninos” crescerem era MUITO mais importante que ciúme bobo de fã. No ano seguinte, entrei no fã chat e conheci muita gente que compartilhava o mesmo sentiment; lá eu fiz amizades que guardo até hoje e sou muito grata por isso. Além disso, foi lá que eu passei a ter contato direto com a banda, o que me fez ficar ainda mais fã. Percebi que eles eram mesmo aqueles meninos simpaticos, humildes, brincalhões, “gente como a gente” e, acima de tudo, um bando de apaixonados por música e pelo que fazem. “Dá até gosto de ser fã de uma banda assim” - eu pensava comigo. Depois, vieram os shows na Inglaterra, Holanda e Itália: 2010, 2011 e meu coração a mil. O orgulho que eu sentia era uma coisa maluca de explicar, era como uma mãe que vê o filho descer do braço e dar os primeiros passos ali, fora do aconchego, da proteção. Afinal, era um mundo completamente novo pra eles e pra nós, fãs que acompanhamos tudo, desde o início. E eu que sempre critiquei fanatismo, que sempre ri de quem chorava por banda, passei a desejar um show desta como nunca desejei ir prum show antes. Esperei (não tão)pacientemente até o dia do anúncio de um show deles perto da minha cidade… Vibrei quando esse dia chegou, fiz planos, fiquei feliz. Até eu ver que a data cairia fatidicamente no dia do meu vestibular, em outro estado. Dia 10 de dezembro de 2011: o dia em que o furação ocioso dominou o Derrota Fantasy. E eu NÃO estava lá. Já chorei, já fiquei triste, já pensei besteira… Mas existe uma música deles que diz “apenas olhe com um sorriso nos dentes e não diga nada”. E eu coloquei um sorriso nos dentes, porque eu sei que um dia a minha hora chega. Eu sei que eu posso, eu sei que eu vou. Os meninos a que carinhosamente me referi se chamam Diego, Luca, Davide e Jajá. A banda, meus caros, é a VIVENDO DO ÓCIO. Nunca fui tiete, nunca fui dessas e, como disse ali, sempre critiquei e ri de quem era… É um sentimento que, na verdade, só entende quem é. Hoje, afirmo com propriedade: longe ou perto, vendo ou não, abraçando ou não: eu NUNCA vou deixar de apoiar a banda e de esperar o dia de vê-los ao vivo.

"Vocês são fogo, eu admito, queimam que nem diesel no mar”

¹texto foi escrito - entre lágrimas - na madrugada de 10/12 para 11/12, data do show.

Dois mundos

foto: WE♥IT


Por esse quarto que a cada segundo fica menor, eu me descuido pra não ficar só, mas ora bolas eu só estou só. Talvez mudar pra outro lugar possa aliviar minha dor. É uma saída pra não me lembrar, minha agonia é só por lembrar... Me diz, meu bem, o que restou pra eu guardar? Estás tão distante o que vai mudar? De longe eu vi você partir... Por onde eu devo me guiar? Esse filme eu já vi e sei bem o final, pra variar. Respiro fundo e penso porque o destino costuma atirar as coisas boas que a vida me dá. Se não mereço, por que vem me dar? Eu me recuso, não quero e não há quem me faça enxergar que nunca mais voltarei a te ver, pior de tudo é só eu querer...

(Vivendo do Ócio)