Lembro que a um tempo, uns dois, três anos
atrás, eu prestei meu primeiro vestibular : tentei Comunicação Social com
habilitação em Jornalismo, na Universidade Federal de Sergipe - UFS. Lembro de
ser cansativo, de ter feito quatro dias de provas, de esperar ansiosamente pelo
resultado, de ficar em primeiro na lista de excedentes, de contar os dias pela
lista, de me considerar "praticamente dentro" já que sempre desistiam
uns dois ou três... E, por fim, lembro de não ter desistido ninguém. Lembro do
choro, da frustração e, principalmente do choque de rotina que se seguiu
durante todo o ano, já que tendo terminado os anos regulares de educação
básica, nada me restava além de esperar o fim do ano e uma nova leva de
vestibulares - e foi justamente essa falta de ocupações que quase me fez perder
a cabeça.
Passei todo o ano de 2011 desejando com todas
as minhas forças o dia em que um processo seletivo desse o ar da graça e me
levasse pra qualquer canto. Queria ir embora, queria viver coisas novas,
conhecer gente nova (coisa que a condição de morar desde que me entendo por
gente na mesma cidade de trinta e poucos mil habitantes não permitia), aprender
a me virar no mundo e, mais que tudo, ocupar a cabeça e ter algo realmente
produtivo a fazer. No comecinho de 2012, me inscrevi no SiSU e fui chamada para
fazer Ciências Biológicas na Universidade do Estado da Bahia - UNEB, em Paulo
Afonso. Interior da Bahia, cidade que eu já conhecia, pertinho de casa... Mas
fiquei feliz porque tudo que eu mais queria naquele momento (continuar
estudando, morar fora, conhecer gente, etc etc) estava ali, na minha frente,
esperando eu estender os braços e tomar pra mim.
Hoje faz um ano e uns 2 ou 3 meses que eu comecei
minha vida nova. Conheci um monte de gente, comecei a faculdade, me apaixonei
perdidamente por um curso que incialmente não era exatamente o que eu queria
(amor construído: taí uma das coisas que eu passei a acreditar), revi milhares
de conceitos, reaprendi a fazer amizades, aprendi na maioria das vezes errando
e meio tropeçando, me tornei hoje uma pessoa muito mais forte, muito mais
racional e, mais que isso, aprendi que eu consigo me virar e lidar com minhas
próprias emoções, por mais difícil que isso seja. O problema é que, mesmo
assim, ainda parece que falta alguma coisa.
Se eu fosse escolher uma música que representa
o meu momento de agora, eu escolheria (sem dúvida alguma) Terra de Gigantes, do
Engenheiros do Hawaii. Na música, o eu-lírico canta que "hey mãe, eu tenho
uma guitarra elétrica / durante muito tempo era tudo que eu queria ter/mas, hey
mãe, alguma coisa ficou pra trás/ antigamente eu sabia exatamente o que
fazer". É como se a minha guitarra elétrica fosse esse sonho, essa ânsia
de ir embora e de respirar tudo que era novo. E que no meio disso tudo, eu
tenha esquecido um pedaço de alguma coisa perdida em qualquer canto. E que eu
começasse a sentir falta exatamente do certo, do automático, daquilo que eu já
sei como fazer desde sempre, daquilo que eu sempre vivi, todos os anos da minha
vida.
Hoje eu conto os dias pra que chegue o fim de
semana, únicamente pra voltar pra minha casa, pra minha cidade, pra minha zona
de conforto - aquela mesma que eu desejei com tanta força deixar pra trás -
como se a minha fonte de energia, de força, de vontade pra ir em frente se
encontrasse no único lugar no mundo onde eu consigo me sentir em casa:
exatamente o lugar onde eu passei 17 anos da minha vida e que vive em mim, por
mais que eu vá pra longe.
Um beijo,
Carol Meireles.
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